depressão
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Depressão: um inimigo silencioso
Paula Di Leone - Jornalista | Angela Cauduro de Castro - Psicóloga Técnica Responsável pela Clinicar.

No mundo contemporâneo, há quem diga que a depressão é o mal do século. A Organização Pan-Americana de Saúde estima que, em todo o planeta, cerca de 300 milhões de pessoas sofram com a doença. Há também a estimativa de que pelo menos 5% dos homens e 10% das mulheres ainda vão passar por um episódio depressivo em algum momento de suas vidas. Tão comum quanto séria, essa doença é também a maior causa de incapacidade no mundo, pois interfere em diversos aspectos do cotidiano.

Em uma sociedade com ritmo constantemente acelerado, que produz um número intenso de informações por minuto e demanda que a população absorva tudo isso, é esperado que falte tempo para apreciar a vida com mais leveza. Dentro deste contexto, as pessoas desaprendem a habitar seu próprio interior e problemas começam a surgir: perde-se o interesse por atividades que antes davam prazer, se adquire uma tristeza que parece nunca ir embora e, por fim, o brilho e a motivação de viver vão se perdendo.

Mas não é só isso: com a pandemia de Covid-19, esse transtorno já tão recorrente começou a atingir ainda mais indivíduos. A perda do estado de normalidade, a urgente necessidade de se isolar de tudo e todos que antes faziam parte da rotina, além do medo constante pelo futuro próximo são aspectos que podem acarretar um estado depressivo mais cedo do que se imagina.

 

Mas afinal, o que é depressão?  

É uma doença provocada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos que pode atingir qualquer pessoa, em diferentes fases da vida e por inúmeras razões. Por apresentar caráter incapacitante, faz surgir no indivíduo sentimentos de tristeza e angústia constantes e persistentes. Atrelado a isso, ainda provoca a perda de autoestima, a sensação de culpa ou desvalia e o desinteresse pela vida. Para alguém que vive um episódio depressivo, atividades que antes geravam prazer passam a perder seu sentido.

As causas para esse transtorno são bastante diversas, pois podem estar relacionadas a um trauma do passado (como a perda de alguém querido, um acidente, um abuso sofrido, uma separação, o desemprego, a aposentadoria, uma doença, situações de luto etc.), a fatores genéticos ou mesmo a um ambiente estressante. A longo prazo, a depressão impacta diretamente a possibilidade de uma vida saudável, pois dificulta ou impede a pessoa de manter relacionamentos interpessoais satisfatórios, conduzir de forma efetiva e harmônica sua carreira e profissão, constituir uma família bem estruturada e, em suma, sentir que viver vale a pena.

 

Como sei se estou deprimido? 

Para além do sentimento de tristeza constante, outros sintomas se apresentam associados em um quadro de depressão. Na presença da doença, o corpo sofre alterações biológicas importantes, como mudanças nos padrões de sono, fome, desejo sexual, concentração e memória. Além disso, a mente de uma pessoa depressiva é constantemente “invadida” por pensamentos mórbidos. Pode apresentar ainda apatia, sentimentos de vazio, falta de vontade de viver, de razões para começar o dia e realizar tarefas básicas, como levantar-se da cama e tomar banho. Em último caso, diante de quadros extremos de desequilíbrio emocional e desilusão, esses sentimentos levam ao suicídio.

 

Mas como diferenciar depressão de tristeza?

Basicamente, a tristeza é um sentimento que, como tantos outros, faz parte da vida e sempre passa. Já a depressão é um transtorno, e portanto, não é passageiro, mas permanece como “uma sombra” constante, impossibilitando a pessoa de perceber o mundo sem ela. Assim, quando essa sensação se instala por longos períodos, de maneira intensa e desenfreada, e a capacidade de reagir a ela parece não existir, possivelmente trata-se não mais de uma tristeza momentânea, mas do transtorno depressivo.  

 

Como lidar com a depressão?   

O primeiro passo é compreender a necessidade de ajuda e procurar acompanhamento de um psicoterapeuta. Para muitos pacientes, o transtorno depressivo é crônico e recorrente. Sendo assim, há situações em que, além do tratamento com psicólogo, também é necessário uso de medicação.   

Estudos de acompanhamento demonstram que, dos que se recuperam de um episódio de depressão, mais de 50% recaem. Por isso, realizar um tratamento consistente e a longo prazo é fundamental para evitar ou apaziguar o retorno desse quadro de sofrimento.   

Diversos estudos apontam que a Terapia Cognitivo-comportamental é uma das abordagens mais efetivas no tratamento da doença, seja para transtornos de nível leve, moderado ou grave. Na prática, ela auxilia os pacientes a modificarem eventuais crenças e comportamentos negativos que produzem estados de humor prejudiciais, a partir de estratégias terapêuticas que contam com a participação ativa do paciente.

Outra possibilidade de tratamento também muito efetiva é a psicoterapia de Orientação Analítica, que acessa o inconsciente e toma a depressão como um sintoma do sofrimento psíquico em suas diferentes formas. Assim, é capaz de resgatar a interioridade e a verdade do sujeito, dando um sentido à sua história e vida por meio da fala.

 

E se alguém querido estiver com a doença? 

Nesse caso, o mais importante é demonstrar apoio, sem julgamentos e sem tentar impor o que a pessoa deve fazer. Troque os conselhos pela escuta! Mostrar-se interessado, compreensivo e disposto a ouvir são formas de não piorar um quadro que já é delicado, evitando gerar novos gatilhos para o sofrimento. Afinal, para alguém que está em depressão, sugestões práticas podem ser interpretadas como cobranças ou julgamentos, que se a pessoa não conseguir cumprir, se sentirá ainda mais incapaz.

Por outro lado, mostrar que ela não precisa lidar com esse sofrimento sozinha, e que merece receber ajuda, é fundamental. É comum que uma pessoa depressiva já esteja sobrecarregada de esforços individuais para superar as armadilhas da própria mente, fazendo o possível para melhorar, sem sucesso. Nessas horas, cabe aos familiares e amigos apontarem uma saída, uma luz no fim do túnel, que é a busca por psicoterapia.

 

Referências:  

POWELL, Vania Bitencourt et al . Terapia cognitivo-comportamental da depressão. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo,  v. 30, supl. 2, p. s73-s80, Oct.  2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462008000600004&lng=en&nrm=iso

FARO, André. COVID-19 e saúde mental: A emergência do cuidado.

SILVA, Washington Allysson Dantas. Covid-19 no Brasil: estresse como preditor da depressão.

CUSTÓDIO, Gabriela. O Povo, 2020. Sintomas de ansiedade e depressão aumentam na pandemia. Disponível em: https://mais.opovo.com.br/reportagens-especiais/alerta-para-a-saude-mental/2020/09/18/sintomas-de-ansiedade-e-depressao-aumentam-na-pandemia.html

DE SANTI, Pedro. Depressão e o vazio reflexivo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uUs7Jvo3le4

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